24 abril 2013

a burocracia dá-me azia!

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Gostava de dizer que isto é uma metáfora mas a realidade é que, sempre que sou confrontado com uma postura burocrática, sinto mais ou menos os mesmos sintomas que surgem com uma ressaca: azia, má disposição, dor de cabeça e irritabilidade.

A burocracia é impeditiva e restringe. Impede-nos de mudar a morada num banco com um simples clique (num sistema protegido por códigos e algoritmos de segurança) e obriga-nos a carregar rua abaixo uma montanha de papelada e levar, no colo, três testemunhas idóneas. Bloqueia, de forma imperceptível e automática, o pensamento criativo, aquela sequência de pequenos passos que tornam um problema impossível numa solução viável para o cliente.

A bitola da personagem burocrática é sempre a mesma, encadernada em couro e acarinhada como um tesouro maior que a vida: tudo o que sabe fazer está ali e aquela meia dúzia de possibilidades satisfazem a pouca ambição que tem. Mais não seja porque a burocracia é tão confortável como um sofá acabado de comprar: o que fazemos é condicionado por normas rígidas e imutáveis, pensadas e impostas por alguém que, certamente, sabe o que é melhor e qual a maneira correcta de o fazer. Aprendemos a dizer "é assim", vezes e vezes sem conta, como se, sem darmos por isso, nos tivessem trocado o cérebro por um disco riscado. Ser "assim" pode não ser melhor, mais correcto ou mais adequado: é "assim" apenas porque sim e porque ninguém quer ter o trabalho de pensar que pode ser de outra maneira.

A burocracia é inimiga da inovação e mata, à partida, toda e qualquer centelha de criatividade, transformando-nos em autómatos sem alma que se limitam a cumprir o que está nos “procedimentos”. Burocracia, ordem e estrutura não são sinónimos. Uma linha de pensamento ou uma metodologia de trabalho podem ser ordenadas e estruturadas sem serem burocráticas: basta que haja a possibilidade de flexibilizar o sistema e estar sempre preparado para as variáveis imprevistas, que nos fazem mudar, repensar e, inevitavelmente, melhorar.

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