17 maio 2014
13 maio 2014
Organizar a quanto obrigas
Citando as palavras alheias (da menina que escreve aqui), no meu epitáfio ler-se-á: “Filipe Bernardes, sempre a organizar-se”. A organização é, para mim, uma necessidade tão fundamental como respirar ou acompanhar um café com um pastel de nata (em minha defesa, o meu cérebro gasta muita energia a pensar e eu não quero deixar o pobrezinho subnutrido), e a falta dela (em particular, a minha) deixa-me tão ansioso e irritado como duas horas parado no trânsito ou ter o comando da televisão longe num sábado à noite (explicação: vi o primeiro Sabadabadão mas sobrevivi, por pouco).
Nos últimos meses, a falta de tempo (uma desculpa quase tão antiga como a prostituição), ganhou forma e feitio na minha rotina diária. Demasiados pratos para equilibrar em apenas duas mãos? Preguiça? Demasiada trash tv? Demasiado trabalho? Pegando o touro pelos cornos e armado com papel e caneta, “bastou” (as aspas servem para sublinhar o carácter irónico da palavra escolhida) começar a pensar na quantidade de pequenas (grandes) coisas que tenho para fazer (ou, melhor dizendo, que tenho protelado) para perceber que:
- O dia ter 24 horas é demasiado 1999 e alguém devia pensar, seriamente, em lançar uma petição à escala global para lhe encaixar mais umas horitas, e assim dormíamos todos (cada um com os seus ácaros) a dose recomendada diariamente.
- Preciso de subcontratar uma trupe de anões viciados em ritalina para me despacharem umas três dúzias de tarefas pendentes (incluindo actualizar o blog, que tem estado a ganhar pó já há uns meses).
- Tenho de parar, respirar, repensar prioridades e perceber quando e como aproveitar melhor os pequenos blocos de tempo disponíveis ao longo do dia, conciliando um trabalho exigente com um pós-trabalho que nem sempre tem a atenção e a dedicação merecida.
O primeiro passo foi dado ontem (a recolha do quê), o segundo hoje (o primeiro post em muitos meses) e, de repente, vislumbro ao longe, não diria bem uma luz mas, talvez, uma nova direcção para melhorar ou, pelo menos, reavaliar o tempo que tenho disponível e se é humanamente possível cumprir com as minhas expectativas, que, reconheço, se tornaram demasiado elevadas.