28 agosto 2014

promoção ou cemitérios virtuais?

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Saber números relativos ao Facebook é uma tarefa simples, basta uma pesquisa para saber as estatísticas mais actuais. O que me interessa saber é, no entanto, muito diferente: qual o grau de fragmentação que as redes sociais, em especial o Facebook, introduziram na nossa vida? A origem desta questão surge após detectar uma tendência muito interessante: o aumento exponencial do número de páginas dedicadas à promoção pessoal nesta plataforma. Se o Facebook Marketing era algo quase exclusivo das marcas e empresas, não demorou muito para os utilizadores, bombardeados com as vantagens do Facebook enquanto plataforma promocional, começarem a criar um número absurdo de páginas para se promoverem - o caso mais estranho que detectei foi alguém que criou uma página onde, basicamente, duplica o conteúdo que partilha no seu perfil pessoal (dissociação de personalidade ou narcisismo ao quadrado?).

É interessante perceber esta subversão da plataforma que, tentando agradar a todos, introduziu uma certa confusão nos objectivos da rede: interagir (pasme-se!). Percebo, também, a linha de raciocínio: porquê perder tempo a actualizar e optimizar um blog, se, ali ao lado e onde estão todos os meus amigos, tenho as ferramentas para, em pouco mais de dez minutos, criar uma página que me permite chegar a mais pessoas com, aparentemente, metade do esforço? Uma questão leva a outra questão: será o Facebook o futuro do microblogging? Talvez, se algum dia ultrapassar algumas limitações básicas, como a formatação dos posts ou a capacidade de introduzir hiperligações no texto. 

O maior problema que vejo, para já, é a quantidade de lixo digital que se está a criar. Porque, ultrapassada a euforia inicial de termos os nossos amigos a fazer ‘Like’ na página que acabámos de criar, vamos querer mais: mais seguidores, mais interacção, mais dois minutos de fama. Começa aqui o verdadeiro trabalho: produzir conteúdo relevante, promover os posts, criar e manter uma comunidade, investir algum dinheiro em anúncios para recrutarmos mais pessoas. E, também, a morte previamente anunciada da maioria dos projectos. Se, daqui a um ano, alguém se desse ao trabalho de analisar os dados, seria, certamente, impressionante, o número de páginas deixadas ao abandono e personalidades fragmentadas. Manter o nosso perfil pessoal é lazer, manter uma página é trabalho.


Acho curioso, este fenómeno. Vou continuar a acompanhar para perceber se é uma tendência passageira ou o prenúncio do fim do Facebook, já anunciado algumas vezes por meia dúzia de arautos da desgraça. 

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